sábado, 21 de abril de 2012


Queimados, RJ, quer vetar transporte por charrete até 

o fim do ano.


Charreteiros pedem ajuda para comprar fraldões para os cavalos.

Moradores reclamam da sujeira; prefeitura promete capacitação.


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Ubirajara Nascimento da Silva, o "Bira", é charreteiro há 32 anos (Foto: Daniel Fraiha/G1)Ubirajara Nascimento da Silva, o 'Bira', é charreteiro há 32 anos em Queimados (Foto: Daniel Fraiha/G1)
Alguns acordam antes de o sol nascer, outros passam as tardes no trabalho, mas todos os 60 charreteiros de Queimados, na Baixada Fluminense, estão acostumados ao sacolejo diário do leva e traz de passageiros, que pode acabar até o fim de 2012, se o prefeito Max Lemos (PMDB) levar adiante o projeto de proibir o serviço de transporte por charrete na cidade.
A prefeitura afirma que muitos moradores reclamam da sujeira causada pelas charretes, além de haver denúncias de que menores de idade estariam à frente de alguns dos veículos, como mostrou o jornal Extra. Os charreteiros se defendem dizendo que proibiram o trabalho de menores há três meses e acusam o prefeito de ter feito promessas de ajuda a eles, mas não cumprir após a eleição.
“Ele falou que ia arrumar fraldão para os cavalos, todo mundo ajudou ele, votou nele, e agora ele quer tirar a gente”, afirmou ao G1 nesta quarta-feira (18) o charreteiro Ubirajara Nascimento da Silva, conhecido como “Bira”, que trabalha ali há 32 anos e colocou um pedaço de lona atrás do animal para não deixar as fezes caírem na rua.
Alguns charreteiros colocam pedaços de lona atrás dos cavalos para conter as fewzes dos animais (Foto: Daniel Fraiha/G1)Alguns charreteiros colocam pedaços de lona atrás
dos cavalos para conter as fezes dos animais
(Foto: Daniel Fraiha/G1)
Apesar do trabalho sério de alguns como Bira, outras charretes não tinham o mesmo cuidado com a cidade. “A gente fala para os outros, mas não podemos obrigar. A prefeitura tinha que multar quem não usa a lona e não acabar com o nosso trabalho”, afirmou.
Prefeitura promete capacitação
O projeto da prefeitura envolve a capacitação dos charreteiros em cursos técnicos, como de marceneiro, pedreiro e eletricista, entre outros, para a reinserção dos trabalhadores em outros segmentos.
“Os charreteiros podem ficar despreocupados que essa ação só vai ser colocada em prática quando houver a qualificação profissional deles e a sua inserção no mercado de trabalho”, afirmou o prefeito.
De acordo com a prefeitura, vagas de emprego não vão faltar, pois o distrito industrial de Queimados já conta com 14 empresas instaladas e têm mais 17 em fase de implantação até o final do ano.
Transporte ineficiente
Dos cerca de 180 mil habitantes de Queimados, a prefeitura estima que os bairros atendidos pelas charretes - Pedreira e Nova Cidade - tenham no máximo 8 mil pessoas, mas não há um número oficial. Além do transporte a cavalo, há kombis e mototáxis na região, mas os charreteiros se defendem dizendo que de madrugada só eles estão à disposição. Enquanto isso, outros moradores reclamam da falta de regularidade do serviço.
“Se chove de madrugada, tem que vir a pé. As pessoas usam porque não tem alternativa”, afirmou o vendedor André Oliveira.
A prefeitura conta que há cerca de oito anos a linha de ônibus que circulava no local parou de funcionar porque a empresa não achava que valia a pena, em função da baixa procura.
Charretes fazem fila à espera de passageiros (Foto: Daniel Fraiha/G1)Charretes fazem fila à espera de passageiros
(Foto: Daniel Fraiha/G1)
Os charreteiros contam que há pouco mais de um mês tentaram colocar uma linha ali de novo, mas o ônibus sempre passava vazio. “Custava R$ 2,50, enquanto a charrete e a Kombi custam R$ 1,50”, contou Bira.
A prefeitura de Queimados afirma que tem conversado com empresas de ônibus para tentar uma solução, mas ainda não conseguiu convencê-las. Uma alternativa, segundo a prefeitura, seria outra linha de Kombi no local, mas os charreteiros afirmam que não vão aceitar deixar o trabalho.
“Temos 51 anos de charrete aqui, é patrimônio histórico. Se proibirem, nós vamos fazer uma passeata em Queimados, vamos atrás dos nossos direitos”, afirmou o charreteiro José Gomes Botelho
FONTE: RJ TV

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